lukinha2Já faz quatro dentes que não venho aqui. Sinto falta das letras. Sinto falta das pessoas por trás delas. Saudades eu senti, mas me faltou tempo dentro do meu tempo de mãe.Tempo de mãe é escaso que só vendo (e vivendo) e não dá pra multiplicá-lo. Eu bem que tentei.

Mas então, agora eles são seis, sabe? Seis dentinhos branquinhos, lindinhos e fortinhos como o dono deles. Luka não pára de ficar belo e de me deixar orgulhosa. Qualquer dia eu vou explodir de tanto orgulho. Porque o meu filho é lindo demais, inteligente demais, esperto demais. Ele se destaca. Você vai com certeza dizer que quem se destaca é o seu.  Entendo, entendo. 🙂

sai-pra-la-papai-noelEu já vi uns pacotinhos embaixo da árvore de natal com meu nome. Papai Noel, vou te dizer: “não precisava se incomodar, o meu presente é o meu filho, sem embrulho e sem lacinho. Ele, charmoso, só com aquele macacão de frio, aquela camisa xadrez e aquela pantufa de ursinho já faz meu coração derreter.

Ahhh, tomara que todas as mulheres tenham a oportunidade de explodir de orgulho ao lado de seus filhos. Tomara que todos os homens se vistam de papai Noel pelo menos uma vez na vida pra fazer hohoho e esfregar no rosto dos seus pequenos a barba branca artificial e que toda a família ria de bobeira com as caretas deles.

Obrigada por este Natal, Lukinha, e por estar com a gente em 2009, 2010, 2020… e sempre.lukinha1

Estava com medo desta hora. Todo mundo – de mães – fala que os bebês ficam irritados, manhosos, podem ter febre, diarréia e outros sintomas desconfortáveis quando os dentes aparecem. Textos e artigos não faltam a respeito e eu já estava me preparando psicologicamente para enfrentar dias e noites, principalmente noites, desagradáveis.

Mas que nada! Os dois dentinhos incisivos centrais inferiores do Lukinha saltaram pra fora lindamente e pacificamente. Chato ele não ficou e também não apresentou nada de anormal. Bebê de ouro! A baba já tinha começado há muito tempo e por conta dela tinha a impressão de que os dentes apontariam antes, mas eles obedeceram as estatísticas e despontaram com exatamente seis meses de vidinha.

Dá pra notar que a gengiva dele coça bastante quando ele, desesperado, começa a apertar e arranhar o mordedor descontroladamente. Se isto não o acalma, ele começa a tossir pra chamar minha atenção, ou melhor, pra buscar o meu dedão. A força com que ele puxa o meu dedo pra dentro da boca é impressionante e mais impressionante ainda são as mordidas do garoto.


O papai diz que o Lukinha não é um boneco de porcelana todas as vezes que eu o critico, dizendo que ele
exagera nas brincadeiras. De certa forma, agora tenho que lhe dar razão, já que o Lukinha está deixando mesmo de ser um bonequinho delicado e frágil. Ele é forte, ligeiro, esperto e… morde. As mordidas, como disse, são enérgicas. No berço, se vira de um lado pro outro com rapidez e no trocador, é um perigo. Ele vai escorregando, escorregando e quando eu percebo as duas perninhas estão quase penduradas. Ele puxa tudo que está ao seu alcance e o que não está, ele consegue pegar esticando-se. Não quer mais ficar por muito tempo deitado no carrinho. Ele sabe que se ficar deitado vai perder o que está se passando do lado de fora e, como qualquer barulhinho pra ele é excitante demais, um passeio de mais de meia-hora deitado é tortura. Esta semana começou a agarrar os pés e tentar colocá-los na boca. É um contorcimento de causar inveja a qualquer acrobata chinês. E mais: já reconhece o Dicker e fica acompanhando seu movimento vagaroso com os olhinhos fulminantes e interrogativos. O que se passa pela cabecinha dele nesta hora eu não sei, mas fico aliviada porque ele não tenta se esticar para mordê-lo.

Os bebês se desenvolvem muito rápido, todos sabem e dizem. Eu já ouvi esta frase centenas de vezes, mas só agora estou conseguindo entender o que isto realmente significa e procurando seguir o conselho dos mais experientes, de aproveitar e registrar, ainda que seja só na memória, cada minuto com meu filho. Ao mesmo tempo, este processo é maravilhoso e instiga minha curiosidade. Muitas vezes, me pego pensando como uma cientista que analisa, verifica, compara e anota tudo o que o Luka de janeiro era e o que o Luka de hoje é sem deixar a emoção intervir. As mudanças são muitas e, no fim, eu não encontro nada mais adequado do que um “uau!” pra descrever minha surpresa. É só uma onomatopéia, mas acho que é mais do que suficiente.

Luka tem quatro fans: Patrizia (10), Janina(11), Enjie(10) e Julia(6). São nossas vizinhas, ou melhor, amiguinhas. Elas batem ponto aqui todo o santo e chuvoso dia. Porque quando o sol brilha, o encontro é no parquinho. Se eu estou fora de casa e elas estão lá, basta uma perceber que eu virei a esquina para dar o alarme às outras. E a tropa vem, tropando, até alcançar o carrinho, que já fica com o freio puxado. Vai saber! Quando elas alcançam o alvo, mal me cumprimentam. Uma puxa a manta de cima do Lukinha, a outra aperta a orelha dele, a outra faz cócegas no nariz, finge beliscar sua barriga e todas, ao mesmo tempo, dão gritinhos: “Luka Toni, Lukas Podolski, Luka Toni, Lukas Podolski…” É assim que ele é chamado entre as fans.

E o coitado resiste bravamente sem resmungar. O alvoroço das meninas aumenta quando ele resolve abrir a boca banguela pra retribuir a atenção. O riso desdentado do Luka é sucesso garantido entre o público infantil feminino do Spielplatz e quando ele solta seus gritinhos bebezais o mundo desaba em histeria. Qualquer coisa comparada como uma micro apresentação da banda Tokio Hotel na Alemanha.

E eu, cansadérrima, fico lá, olhando pra porta de entrada do prédio com ar de cachorro faminto, até elas enjoarem do brinquedo ou até o Lukinha dar um basta. E olha que ele sabe muito bem como dar ordens! Dada a sirene final – a de um bebê irritado em ação – uma orienta a outra e, incrivelmente, em questão de segundos, elas desaparecem à procura de um divertimento diferente.


Quando estamos em casa, elas batem na porta. Normalmente é à tarde, quando não têm escola, nem lição de casa pra fazer. O Luka pode estar comendo, tomando banho, conversando com os brinquedos, dormindo… não importa. Lá vem o “posso dar uma olhadinha no Luka?”.

Eu permito porque, se dou uma negativa, elas voltam a cada quinze minutos e eu não gostaria de ser dura com elas e acabar com a minha fama de vizinha simpática – também tenho meu orgulho – de modo que abro sempre a porta. Se ele está dormindo, elas ficam velando o sono dele, coladas no bercinho, sussurando entre elas qualquer coisa que eu, da cozinha, nem me esforço para entender.Depois de uns três, máximo cinco minutos, como ele não acorda (he he he ) elas se despedem e eu digo pra ele: “ok, agora você já pode parar de disfarçar que está dormindo!”

Horas depois, elas voltam pra saber se ele já acordou. Eu bem poderia dizer que “ainda não”, mas como, se o danado do moleque solta os gritinhos bebezais dele lá do berço? O jeito é mandar entrar e ficar observando o aperta aqui, aperta ali no corpo do pequeno, risonho e irresistível lutador de sumô. Ele deve gostar deste assédio. Se não gostasse, ele choraria, mas ele nunca chora.

Tcha, é homem.

Papai do céu, muito obrigado porque a Alemanha

venceu o primeiro jogo

por 2 x 0 contra a Polônia.

Meu papis aqui da terra ficou aliviado, mas eu

e Dicker ficamos atordoados com o barulho que meus

“metade-conterrâneos” fizeram.

(Será que eles aprenderam a fazer festa?)

Então, oh Lord, apesar

deste oba-oba todo nas

minhas orelhinhas,

dá uma forcinha pra

Alemanha nos próximos

jogos, vai… só

pra alegrar o meu papis.

Eu prometo vir aqui de novo,

fantasiado!

Amém.

* Alemanha perdeu por 1 x 0 na final para a Espanha.

Das ist das Leben!

Dez da noite. Eu posso me sentar na cama acompanhada do meu gatinho lindo e de um delicioso e exuberante pedaço de bolo de chocolate. Posso comê-lo devagar e sossegada, apoiar o laptop nas pernas, relaxar e surfar pela net. Posso perder tempo lendo besteiras. Tudo porque o Lukinha cresceu. Saldo de quatro meses: 7, 340 kg, 64 cm e não sei quantos mil voltz de curiosidade e bom humor, graças a Deus.

Ele já aprendeu o que signifca rotina. Sabe que quando está claro pode brincar com a mamãe e quando está escuro é pra sonhar com os anjinhos. Dorme às 21h00 e só acorda às cinco da manhã, isso quando não tem pesadelos, sente saudades da chupeta ou quando o estomagozinho ronca. Aconteceu algumas vezes de ele acordar às 3 da matina e ficar resmungando com o bichinho de pelúcia dele. Aí, o melhor a fazer, é não deixar que o resmungo aperte o botão da sirene, porque aí o bicho pega pra valer. E às três da manhã o bicho pega feio mesmo. Então eu prefiro evitar e dar o abençoado leitinho. Normalmente quando ele termina de devorar o leite, dá sinais de agitação, querendo brincar, interagir comigo através da sua linguagem peculiar, mas de madrugada não pode. Nem deve. Então, eu fico como uma estátua muda, e faço telepatia com ele: “é pra dormir menino, é pra dormir menino, é pra dormir menino!”, engolindo a vontade de rir, até que ele capota.

Durante o dia o Lukinha é a curiosidade em forma de bebê. Ele não pára com os olhinhos, atento a tudo o que acontece à sua volta. Ele brinca, dá muitos gritinhos estridentes e coloca as duas mãos na boca, mas não sem antes brincar com elas. Quando está no trocador, dá pedaladas e quando está irritadinho me belisca. Está babando, mas ainda não há sinais de dentes. Quando toma banho já consegue chutar água e molhar a mamãe e o coitado do Dicker, que insiste em ficar por perto. Adora brincar de esconde-esconde comigo. Eu converso um bocadinho com ele, depois escondo o rosto na toalhinha dele e pergunto: “cadê a mamãe?”. Aí eu tiro a toalhinha e digo com cara de bolacha amassada “Achôôô!!”. Nossa, como ele acha graça nisso!

Tirando a hora de tomar vacina, o resto é pura alegria pro Lukinha. Ele ri ao escutar a voz do papai quando chega do trabalho, quando vê outras crianças brincando no parquinho, quando ouve a música do chinês da Adriana Partimpim, quando encara o ursinho marrom, quando passeia de carrinho, quando se vê no espelho…Ah, se eu contar mais vai ser cansativo.

Hoje ele provou pela primeira vez o gosto de uma papinha de cenoura. Pra minha surpresa, ele gostou da novidade e – só pra variar – riu muito com a boca suja e acabou melecando todo o colo da mamãe.

Acho que daqui pra frente o que lhe reserva é isso mesmo: descobertas e eu só espero que o bom humor não o abandone.

luka_blog24-kopie.jpgO Lukinha passou no pediatra careca. Ele ficou lá na cama peladinho e não se incomodou. Depois foi apertado, checado, amassado, ultrassonado (!) e pesado. Agora ele está com 4, 560 kg e a cabeça aumentou 5 cm. “Muito bom”, disse o carecão.

 

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O doutor carecão é simpático e responde tudo o que pergunto, até aquelas dúvidas mais absurdas, cujas respostas encontro aos montes em fóruns da internet. Isto, por sinal, me deixa mais confortável no meu papel de mãe, porque estou percebendo que não sou a única a perguntar coisas óbvias e receber como resposta um “isto é normal, isto é normal”. Acne, por exemplo, é normal! Chorar mais de noite que de dia? É normal! Ter cocô verde? É normal!

 

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No dia-a-dia, Luka não dá trabalho, well, dá um pourquinho, sim, como todo bebezinho que se preze. Chora quando quer ser trocado, chora quando quer comer. É um comilão, pra falar a verdade e quando está satisfeito ri pro céu e pra terra, emitindo um som difícil de descrever, típico de pequenos dengosos.

 

 

 

Esta última foto foi tirada depois que ele mamou. Olhem só a alegria dele com leite ainda na boca. Felicidade pura e cristalinaluka_blog23-kopie.jpg

de um pré-adolescente saciado.

 

 

 

 

 

luka_blog-kopie.jpgEste post é o meu presente para vocês, como agradecimento pelos comentários, presentinhos, cartãozinhos e principalmente pela paciência em esperar por notícias minhas e da mamãe.

Eu nasci no dia 15 de janeiro, uma terça-feira, às 8h37min., com 3,450 Kg e 51 cm. Foi tudo muito rápido. O seu doutor e o anestesista foram competentes e carinhosos com a minha mamãe. Ela quase não sentiu dor nenhuma, nem mesmo com a aplicação daquela coisinha chamada peridural.

Quando o seu doutor me tirou do meu castelo quentinho, eu chorei um pouco – acho queluka_blog2-kopie.jpg fiquei assustado quando vi aquela gente toda na sala branca iluminada – mas logo me acalmei porque senti o calor do corpo da minha mamãe. Nesta hora, ela só sabia falar “como ele é pequenininho!”, “que cheirinho gostoso de nenem” , “filhinho da mamãe, filhinho da mamãe”, “coisinha mais linda do mundo”, “bonequinho da mami”, “que presente mais lindo que o papai do céu deu”…depois ficou beijando meu rostinho e me melecando de lágrimas. Eu ouvi logo a voz do meu papai e fiquei quietinho, apertando meus olhinhos inchados. Ele também estava chorando! Neste momento eu pude concluir, lá com meu cordão umbilical, aquilo que eu já deduzia quando estava no meu castelo: os meus pais são dois bobões babões!

Ainda na sala branca iluminada, o seu doutor me deu nota 10 de Apgar e a mamãe ficou toda orgulhosa e aliviada porque isso significa que eu sou um bebê perfeito e saudável. Minha mamãe fez tudo direitinho. Valeu mamãe! luka_blog-20kopie.jpg

 

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Nesse dia que eu nasci, estava chovendo, frio e o céu estava cinzento, mas eu era o sol que brilhava naquela casa de fazer bebê vir ao mundo. Todo mundo que estava lá de branco, puxava a toalhinha que estava me cobrindo e me elogiava. A vovó e a titia Fernanda, que vieram do Brasil só pra me ver, também ficaram emocionadas quando me viram nos braços do meu papai e me encheram de buti-buti, tais como fofinho, lindinho, meiguinho, engraçadinho e todos os inhos do mundo. Ai, ai como eu fui mimado naquela manhã!

Eu e minha mamãe ficamos uma semana lá na casa de fazer bebê vir ao mundo. Foi meio chato porque não tinha internet lá 😉 Mas, tudo bem. Eu ocupei o tempo da minha mamãe e nós recebemos visitas e telefonemas. A mamãe ganhou flores e eu presentes.luka_blog14-kopie.jpg

As enfermeiras cuidaram de mim e da mamãe muito bem. Elas eram super legais e me chamavam de “pequeno Luka”. Todo dia elas me pesavam e eu passei em todos os testes feitos pelo pediatra. Aí, no domingo, nós fomos liberados pelo seu doutor e ele, quando se despediu de mim, também me elogiou bastante. Sabem, eu ainda não me vi no espelho, mas estou começando a acreditar que sou lindo mesmo.

Bom, continuando:

luka_blog17.jpgQuando eu, minha mamãe e meu papai chegamos em casa, fomos recebidos pela vovó, pela titia Fer e pelo Dicker. Foi uma festa – não tanto pelo gatinho gordo, que só sabia me olhar desconfiado – mas eu só queria saber de dormir. Enquanto eu dormia, minha mãe se deliciava com a comidinha feita pela minha vovó, tirava fotos e mais fotos e o flash da câmera acabou me acordando. Foi nesta hora que eu percebi o que o futuro me reserva. Eu fiquei parecendo cachimbo em roda de índio porque era passado de mão em mão. Em cada uma delas eu recebia um chameguinho. Quando eu voltava para os braços da mamãe, ela me beijava e me apertava e me amassava mais ainda. Ai, não é fácil ser lindo!

Os dias se passaram e eu e Dicker ficamos amigos. Meu papai se acostumou a dormir comluka_blog4-kopie.jpg as minhas sirenes e minha mãmãe, que é meio atrapalhadinha, já aprendeu – quer dizer, está aprendendo – a cuidar de mim como se deve. No começo, ela sofreu um pouquinho porque não conseguia me amamentar e quase ficou dodói pra valer, com os seios doloridos, mas aí a parteira cuidou dela e ela ficou ótima de novo, só que eu tive que começar a tomar leite artificial.

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Com quinze dias de vida eu já estava rodando pneu pela Alemanha à fora. É que eu queria acompanhar minha vovó e minha titia nos passeios. Nós visitamos vários lugares e eu me comportei muito bem. Aliás eu adoro o balanço do carro do papai e do meu carrinho super poderoso, com mil e um apetrechos, quentinho, aconchegante e seguro.

 

luka_blog9-kopie.jpgEm casa eu já durmo perto do meu irmãozinho Dicker, acordo, como, tomo banho, dou risadinhas, mostro a língua, aperto os olhos, mexo as mãozinnhas, bato os pezinhos, tenho soluços, faço manha, faço dengo, faço xixi, faço cocô, faço minhas regurgitações quando mamo, esperneio um pouco e…choro.

luka_blog18-kopie.jpgPor falar nisso, ultimamente eu tenho chorado bastante por causa das cólicas. Minha mamãe chora junto comigo e nós acabamos fazendo a sinfonia do chororô. É mais ou menos assim: Eu fico nos braços dela chorando até os tímpanos dela se irritarem, estico as pernas ao máximo e chego até a arranhar o rosto dela quando ela tenta beijar minha cabeça na tentativa de me acalmar. Doce ilusão a dela! A coliquinha só dá uma pausa muito da sem vergonha e eu fico gemendo. Minha mamãe não aguenta me ver assim, neste estado de gemeção, e começa a chorar baixinho. Enquanto chora, ela canta uma musiquinha, bota a chupeta na minha boca, tira a chupeta da minha boca, me coloca de pé, me coloca deitado, dá chazinho, dá carinho e eu dou meus suspirinhos até que a cólica desiste de me importunar e eu durmo.

Tirando esse inconveniente, tudo corre a mil maravilhas. Ainda estamos tentandoluka_blog1-kopie.jpg encontrar nosso ritmo e parece que estamos conseguindo, já que hoje até o laptop da mamãe saiu do castigo.

 

luka_blog8-kopie.jpgBem, vou terminando porque preciso mamar. Mando para vocês, daqui do meu bercinho, um denguinho bem gostoso – daqueles que só bebês recém nascidos sabem fazer – uma risadinha desdentada e o meu olhar 43, aquele assim, meio de lado, já saindo, indo embora, louco por vocês…

Assinado: Lukinha

germany1_blog.jpgA parteira esteve aqui. Foi escolhida no “une – dune – tê” de uma lista de parteiras que nos foi dada quando visitamos o hospital. É praticamente nossa vizinha, mas chegou quarenta minutos atrasada. Não, não pense rápido. Ela não é brasileira, ainda que pareça. A mulher é simpática, tem jeito de “mãezona” e fala pelos cotovelos, embora não tenha dito nada que já não fosse do meu conhecimento. Também é atenciosa, não olhou nenhuma vez para o relógio (o que me fez entender o motivo do atraso), detalhista e tem um ótimo humor.

Chama-se Sonja (diga Zonia), mas ficamos no tratamento formal do Frau aqui, Frau ali. Quem sabe com o tempo poderemos nos tratar por você, já que ela repetiu várias vezes que me acompanharia em tudo, menos na hora do parto (?). Percebi que ela gosta de fofocar sobre o comportamento das mamães, mas é bastante discreta e nunca cita nomes. Deu dicas sobre o parto, pós parto e como cuidar e economizar com o bebê.

Uma das coisas, aliás, que ela não aprecia são os comerciais da Pampers. Isto porque ela não aguenta mais ouvir as mamães repetirem o refrão do marketing televisivo “für mein Baby nur das Beste” (pro meu bebê só o melhor). Claro que todas as mães querem o melhor para os seus filhos, mas trocar a marca da fralda não significa que estes vão receber o pior daquelas. Ela foi taxativa: “o fato de se comprar uma fralda mais em conta não significa exatamente baixa na qualidade. Fora que não há como controlar o intestinozinho dos bebês, não é mesmo?”. Tudo isso falado assim: sem vírgulas, ponto, pausa, respiração, nada.

E continuou: “Veja a senhora, a mãe está trocando a fralda, limpa tudo, deixa o bumbum cheirozinho e começa a prender a fita adesiva, quando de repente vem um blach%$&*eca de novo!! São várias trocas por dia, resultando em não sei quantas por semana e dando um total de x + y = z por mês!”. Tive que rir. Olhei pro Martin, na esperança de encontrar um cúmplice, mas ele, com ar de sério, só sabia balançar a cabeça confirmando com “genau, genau” (exatamente, exatamente). Ela finalizou (em termos) com uma frase bombástica que, creio eu, influenciou sobremaneira nossa decisão: “Gastem vosso dinheiro com uma viagem!”

Isso é só uma pequena parte da visita que durou duas horas. Ela seguiu dando mais exemplos , tais como marcas de banheira, roupinhas, toillete, aparelhos de amamentação, etc., mas nem precisava. O senhor pai do Luka a-d-o-r-o-u a Sonja e eu acho que vamos ficar com ela mesmo.

As cartas do Plan International salvaram minha tediosa, cinza e bolorenta semana. Nestagatoparede5.jpg época do ano, a quantidade de cartas que chegam para tradução duplicam porque os padrinhos e madrinhas alemães não querem que seus afilhados de fala portuguesa recebam cartões e presentes de natal com atraso. Sorte a minha, que, sem sair de casa, tive trabalho e pude ocupar a mente e as mãos, ajudando vidinhas inocentes do norte do Brasil e dos países africanos a se comunicarem com seus padrinhos e madrinhas europeus.

gatoparede1_blog.jpgConsegui também terminar o quadro do quarto do Luka. O quadro é resultado de duas laterais de um guarda-roupa, cujas pernas não resistiram a duas mudanças de apartamento e estavam molinhas, molinhas. Já estava mais que na hora de enterrar as pernas, mas como fazer isso sem prejudicar o guarda-roupa todo? Impossível, segundo o pai do Luka, melhor mandar tudo pra reciclagem. Mas a minha conduta notável não estava muito de acordo em jogar a parte boa da madeira no lixo (devo ter puxado o sangue de marceneiro do meu pai) e conclusão: fiz o papai do Lukinha desmontar todo o guarda-roupa, serrar as laterais no tamanho desejado, colocar um ganchinho na parte de trás e pendurá-las na parede.

Depois, procurei na internet uma figura bonitinha, baixei no meu laptop e com a ajuda de um projetor a delineamos na madeira, já que não sei trabalhar com proporções grandes e queria que o desenho ficasse bem alinhado. Foi a melhor coisa. O desenho ficou centralizado e o espaço muito bem aproveitado. gatoparede6_blog.jpg

Feito isso, comecei a pintura. Não queria prejudicar minha saúde e a do Luka com o cheiro da tinta acrílica, por isso fui pintando aos poucos, bem aos poucos, com a janela aberta para ventilar bem o ambiente.

 

 

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E o resultado, depois de um mês, é este aí. Um gatinho brincando com a bola. O quadro fica bem no centro da parede, do lado direito de quem entra no quarto. Quando tudo estiver pronto, será um cantinho bem agradável, com brinquedos, ursão de pelúcia e almofadas. Acho que vou nomeá-lo de “o cantinho de brincar”.

depreto_blog.jpg A consulta da 28ª. semana teve os procedimentos de sempre: peso, pressão, sangue, xixi, CTG. Estou agora com 64,4 quilos, portanto nove a mais que meu peso original, pressão: 100/ 60, boa. Nenhuma infecção urinária. Nenhum sinal de anemia. Nenhum inchaço anormal. O resultado do teste de tolerância à glicose acusou 80mg/dl: perfeito, e os anticorpos, que apareceram no meu último exame de sangue, sumiram. Agora, a CTG, uhmmmm….Em 20 minutos que fiquei com o aparelho na barriga tive três contrações, o que deixou a médica com carinha de desconfiada. O colo do útero está bem fechadinho, mas ela voltou a recomendar repouso e retorno em uma semana. Choraminguei, já imaginando a inércia e o tédio dos sete dias, mas desta vez ela foi enérgica e só permitiu que eu cozinhe em casa. Não devo sair por nada neste mundo, somente tomar um arzinho fresco no terraço e nada mais. Palavras dela: „uma semana não vai matar ninguém, Frau Solop.“ Matar não vai, mas como controlar a minha impaciência?

O Luka está bem grandão. Ele já pesa mais ou menos 1 quilo e 500 gramas e a médica disse que ele tem cabeça grande. Desta vez ele não estava disposto a ficar fazendo poses. Ele estava emburrado e ficou o tempo todo de costas pra câmera, mostrando o bumbum, como quem diz “me deixa, que eu tô de calundu”. Eu entendo. Ele também não gostou de saber que vai ter que ficar de castigo em casa.

 

* * *

Agora, imaginem o Lukinha dentro disso! 🙂 jaquetinha_blog.jpg